Descobri o câncer de mama no sexto mês de gestação
Essa é uma história feliz. Feliz por muitos motivos, mas, sobretudo, porque o câncer de mama pode ser tratado e curado.
Meu filho, João Pedro, nasceu no dia 16 de outubro de 2014. Completou oito anos. Oito anos que temos muito que comemorar, apesar das dores, dificuldades e desafios que, no início, pareciam insuperáveis.
Eu descobri o câncer de mama quando estava no sexto mês de gestação. Percebi o nódulo por acaso. Lembro bem que, pela manhã, não senti nada no seio. À noite, enquanto passava hidratante antes de dormir, senti um caroço. Estava no fim do sexto mês de gestação, fazendo pré-natal.
A médica me examinava mensalmente e também não tinha identificado nada até então. Foi tudo muito rápido.
Assim que percebi, liguei para a médica. Ela fez um pedido de ultrassonografia. Fiz o exame no dia seguinte e o resultado deu inconclusivo.
A médica fez uma punção, que também foi inconclusiva. Depois disso, ela já ligou para um mastologista e pediu que me atendesse.
Meu marido, eu e a própria médica não acreditávamos na hipótese de um câncer. Eu tinha 32 anos e desconhecia qualquer histórico familiar da doença.
Fui atendida pelo mastologista. Ele fez duas biopsias e tivemos a certeza: câncer de mama.
A partir daí foi tudo muito rápido. Fiz os exames pré-operatórios, me consultei com cirurgião plástico que acompanhou o processo e passei por uma mastectomia no sétimo mês de gestação.
Retirei toda a mama esquerda. O cirurgião plástico colocou um expansor para que eu pudesse fazer uma reconstrução futuramente.
A cirurgia precisava ser rápida por conta dos riscos da anestesia geral para a gravidez. Minha ginecologista assistiu tudo e se preparou para o caso de precisar fazer um parto de emergência no caso de complicação.
Foi tenso. Graças a Deus, correu tudo bem! Voltei da anestesia sem o peito, mas meu barrigão continuava lá.
Assim que me recuperei iniciei a quimioterapia. Fiz duas sessões ainda grávida do João Pedro. O parto foi marcado entre a segunda e a terceira sessão de quimio. Quando ele nasceu, já estava careca – os cabelos e pelos caem no 14° dia da primeira sessão vermelha.
Eu fiz quatro sessões da quimioterapia vermelha e oito sessões da quimioterapia branca. Depois disso, foram 30 sessões diárias de radioterapia. Nossos primeiros dias de vida, do João Pedro nesse mundo e os meus como mãe.
Ao concluir o tratamento iniciei o processo para reconstrução da mama. Fiz uma nova cirurgia, quando aproveitei para retirar a outra mama e substituir por silicone. Com isso, reduzi em 95% a chance de ter câncer na mama direita.
Intenso, né? No meu caso, o câncer foi muito agressivo. Cresceu rápido e era triplo negativo, quando não existe remédio preventivo.
Depois da radioterapia não precisei mais de medicação. Eu monitoro. Faço acompanhamento anualmente, tento ter uma vida equilibrada. E rezo! Rezar faz muito bem. Em todo o processo, a saúde mental ocupa um papel fundamental.
Nossa família cresceu. Além do João Pedro tivemos também a Laura. As razões para comemorar é que dominam nosso dia a dia.
PS: A foto é de 2015, a primeira vez que tirei o lenço depois de ter ficado careca por meses.
(História de Ana Paula Hoekveld, jornalista, de Goiânia)
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