Todo atraso de fala é autismo?
Estima-se que entre 10% e 20% das crianças entre dois e três anos vão apresentar algum atraso na fala. As causas são variáveis, podendo envolver razões simples – que terão uma boa evolução com o tempo – até comprometimentos graves – que podem gerar prejuízos ao longo da vida. Os últimos casos são mais raros e o fato é: nem todo atraso na fala é autismo.
Antes de falar mais sobre diagnósticos que envolvem atraso na fala, é preciso compreender quando este atraso deve gerar preocupação. Existem marcos de linguagem que ajudam a identificar possíveis problemas. Eles não estabelecem médias para cada fase, mas idade limite para a criança alcançar determinadas habilidades (veja no fim do texto exemplos de marcos de linguagem).
Não alcançar os marcos é um sinal de alerta. Exigindo uma investigação cuidadosa para exclusão de diagnósticos importantes, como problema de audição, por exemplo. Apesar de ser incomum, é extremamente necessário confirmar se existe ou não algum comprometimento auditivo, pois o tratamento neste caso é muito específico.
Existe ainda o mutismo seletivo, que é um transtorno de ansiedade social caracterizado pela recusa de falar apenas em algumas situações. Em casa pode falar normalmente enquanto na escola, não fala com ninguém. Problemas neurológicos, como apraxia da fala, que é um déficit neurológico no planejamento motor. Acontece quando o cérebro da criança não consegue planejar os movimentos necessários para produzir sons e palavras. Ela pensa e tenta dizer algo, mas não consegue executar.
Problemas com o desenvolvimento da boca e língua, deficiência intelectual, atraso geral de fala (que é quando a criança consegue manter uma evolução contínua da fala, só que em um ritmo mais lento que as demais), distartia (uma condição com vários graus de gravidade, que envolve fraqueza nos músculos usados para a fala), são alguns exemplos que provocam o atraso na fala.
Existem outras tantas razões, ressaltando a importância do acompanhamento médico periódico nos primeiros anos de vida. A avaliação envolve uma equipe multiprofissional e o tratamento precoce é fundamental para o desenvolvimento da criança.
Conheça alguns marcos de linguagem:
2 meses
– Começam a sorrir para as pessoas
– Começam a fazer sons
– Viram a cabeça em direção aos sons do ambiente
– Conseguem reconhecer as vozes
– Mudam o choro de acordo com a necessidade
4 meses
– Imitam as expressões faciais
– Balbuciam
– Imitam sons
- Gostam de brincar com outras pessoas
6 meses
– Fazem sons ao brincar ou quando estão sozinhos
– Começam a usar a voz para expressar o que desejam
– Respondem quando são chamados
– Movem os olhos na direção dos sons
– Respondem às mudanças no tom de voz do cuidador
– Observam que alguns brinquedos fazem sons
– Levam objetos à boca
– Respondem com pequenos sons: Ah, eh, oh e começam a emitir sons com M e B
9 meses
– Compreendem a palavra “não”
– Emitem sons juntando várias sílabas como “mamamama” ou “babababa”
– Tentam imitar os sons que as outras pessoas fazem
12 meses
– Compreendem ordens simples como “dá” ou “tchau”
– Emitem sons parecidos com a fala
– Falam “mama”, “papa”
– Fazem exclamações como “uh-oh!”
– Tentam repetir as palavras que ouve
– Viram os olhos na direção dos sons
– Responde pedidos simples
18 meses
– Reconhecem nomes de pessoas, objetos e partes do corpo
– Seguem instruções acompanhadas de gestos
– Falam cerca de 20 palavras
– Compreendem bem as palavras
– Começam a dizer não com a cabeça
24 meses
– Conseguem dizer o seu primeiro nome
– Juntam duas ou mais palavras
– Falam frases simples e curtas
– Começam a falar sozinhos enquanto brincam
– Repetem as palavras que ouviram as outras pessoas falando
– Apontam para objetos ou imagens quando ouvem os seus sons
– Seguem comandos simples e entendem perguntas simples
– Falam cerca de 200 palavras
30 meses
– Usam a gramática mais desenvolvida
– Conseguem contar pequenas histórias
– Cantam musiquinhas
– Falam o seu nome e sobrenome
– Entendem verbos e instruções
– Vocabulário é composto por mais de 350 palavras
36 meses
– Usam artigos, preposições, plurais e verbos
– Conseguem conversar
– Falam cerca de 1.000 palavras diferentes
48 meses
– Conseguem ser compreendidos por estranhos
– Mantêm longos diálogos
– Contam acontecimentos
– Elaboram frases de 5 ou 6 palavras
– Falam mais de 1200 palavras
Leia também:
Quatro motivos para reduzir o tempo de tela do seu filho ou filha